MENSAGEM

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

VENTO que rasga a al-ma .


Quando o coração é levado pelo vento do acaso, a ponto de se encontrar com raios no céu chuvoso, ele é rasgado e se divide em pedaços.Olhamos e vemos os pedaços do coração descendo em nuvens de desapontamento, sem muito a dizer ou ser.

Tentamos juntar os pedaços que não reconhecemos como antes.


Hoje olhamos, vemos pedaços triturados. Aquele não existe mais, agora estão rachados e trincados.


A vida é assim, se divide em passado, presente e futuro.


O coração também. Ora inteiro, ora rasgado, trincado, moído, disperso; um dia focado, hoje não mais.


O que nos resta é tentar não desesperar.


Nós somos assim; vivemos pegando pedaços, letras, sobras e tentamos colar, consertar, montar palavras, que quando muito, dão remendos mal feitos ou algumas frases pobres e insignificantes.


Somos iguais aos nossos pais?Somos parecidos com nossos antepassados?


Mas se afinal não conseguimos parecer com ninguém, porque somos únicos, queremos ser alguém!


Ou apenas encontrar significado em nossas escolhas ou no abandono delas.


Acredito que, na verdade, só queremos amar! Mas fazemos do amor um mecanismo complexo, que muitas vezes entornamos como leite derramado, onde não há retorno.


Tentamos! E penso que não vamos parar de tentar! Não gostamos do que vemos, mas pegamos o pano e passamos no chão da vida. O leite perdido, seiva na rota errada, esvaiu-se para sempre.


Não há colagem, nem conserto, nem remendo para algumas coisas na vida.


O coração persegue esta estrada, mas tenha sempre em mente, que não existe coração que não seja dividido ou machucado.


Coração é assim: uma parte bate, outra sente, outra chora. Um lado fica e outro diz que vai embora.


Somos assim e vamos viver assim.



Fonte: http://fagulhasdodivino.blogspot.com

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Campos desertos.


Herdei um campo onde o patrão é rei
Tendo poderes sobre o pão e as águas
Onde esquecido vive o peão sem leis
De pés descalços cabresteando mágoas

Campos desertos que não geram pão Onde a ganância anda de rédeas soltas...


Engenheiros do Hawaii.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

somos quem podemos ser.


Um dia me disseram Que as nuvens Não eram de algodão

Um dia me disseram Que os ventos Às vezes erram a direção

E tudo ficou tão claro Um intervalo na escuridão

Uma estrela de brilho raro Um disparo para um coração...


A vida imita o vídeo

Garotos inventamUm novo inglês

Vivendo num país sedento

Um momento de embriaguez...


Somos quem podemos ser...

Sonhos que podemos ter...


Um dia me disseram

Quem eram os donos

Da situação

Sem querer eles me deram

As chaves que abrem

Essa prisão

E tudo ficou tão claro

O que era raro, ficou comum

Como um dia depois do outro

Como um dia, um dia comum...


Quem ocupa o tronoTem culpa

Quem oculta o crimeTambém

Quem duvida da vidaTem culpa

Quem evita a dúvidaTambém tem...



Somos Quem Podemos Ser
Engenheiros do Hawaii


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Ao Senhor dos Pequeninos.


“Faze-me Senhor pequena ostra

Que em pérola transforma sua dor

Podendo transformar o meu problema

Numa mensagem em forma de poema

Capaz de transmitir paz e amor”


Myrthes Matias, em sua poesia “Ao Senhor dos Pequeninos”

o convite.


"Não me importa saber como você ganha a vida.Quero saber o que mais deseja e se ousa sonhar emsatisfazer seus anseios do seu coração.


Não me interessa saber sua idade.Quero saber se você correria o risco de parecer tolo por amor,pelo seu sonho, pela aventura de estar vivo.


Não me interessa saber que planetas estão em quadratura com sua lua.O que eu quero saber é se você já foi até o fundo de sua própria tristeza,se as traições da vida o enriqueceramou se você se retraiu e se fechou, com medo de mais dor.Quero saber se você consegue conviver com a dor,a minha ou a sua, sem tentar escondê-la, disfarçá-la ou remediá-la.


Quero saber se você é capaz de conviver com a alegria,a minha ou a sua, de dançar com total abandonoe deixar o êxtase penetrar até a ponta dos seus dedos,sem nos advertir que sejamos cuidadosos, que sejamos realistas,que nos lembremos das limitações da condição humana.


Não me interessa se a história que você me conta é verdadeira.Quero saber se é capaz de desapontar o outro para se manter fiel a si mesmo.Se é capaz de suportar uma acusação de traição e não trair sua própria alma,ou ser infiel e, mesmo assim, ser digno de confiança.


Quero saber se você é capaz de enxergar a beleza no dia-a-dia,ainda que ela não seja bonita,e fazer dela a fonte da sua vida.


Quero saber se você consegue viver com o fracasso, o seu e o meu,e ainda assim pôr-se de pé na beira do lagoe gritar para o reflexo prateado da lua cheia: "Sim!"


Não me interessa saber onde você mora ou quanto dinheiro tem.Quero saber se, após uma noite de tristeza e desespero,exausto e ferido até os ossos, é capaz de fazer o que precisa ser feitopara alimentar seus filhos.


Não me interessa quem você conhece ou como chegou até aqui.Quero saber se vai permanecer no centro do fogo comigo sem recuar.


Não me interessa onde, o que ou com quem estudou.Quero saber o que o sustenta, no seu íntimo, quando tudo mais desmorona.


Quero saber se é capaz de ficar só consigo mesmo e senos momentos vazios realmente gosta da sua companhia.



"(Oriah Mountain Dreamer, em O Convite)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

variação.


Às vezes me sinto qual despedida

Hiato entre o sim e o talvez

Às vezes me sinto feito saudade

Um cheiro de vida e adeus


Às vezes me sinto nublado e frio

Ora completo, ora vazio

Sou dias de flores, de sóis, de amores

Às vezes somente um nó!


Às vezes sou festa, sou dança e canção

Ora se cala o meu coração

Mas todas as vezes, sem variação

Eu sou querido de Deus!


Às vezes sou pedra, coluna e rio

Ora incerteza, vexame e arrepio

Mas todas as vezes, de graça e paixão

Eu sou amado de DeusEu sou um filho de Deus.



marcio cardoso.

Saber Viver.


Saber Viver

Não sei... Se a vida é curta

Ou longa demais pra nós,

Mas sei que nada do que vivemos

Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.


Muitas vezes basta ser:

Colo que acolhe,

Braço que envolve,

Palavra que conforta,

Silêncio que respeita,

Alegria que contagia,

Lágrima que corre,

Olhar que acaricia,

Desejo que sacia,

Amor que promove.


E isso não é coisa de outro mundo,

É o que dá sentido à vida.

É o que faz com que ela

Não seja nem curta,

Nem longa demais,

Mas que seja intensa,

Verdadeira, pura... Enquanto durar



(Cora Coralina)

mais um dia se passou...


Vejo o tempo escapando por entre os meus dedos e isso me abate a alma. Ergo-me da cama assustado: ‘meu Deus, mais um dia se passou, colocando-me a menos um do meu fim. Quem irá cuidar da minha poesia? Quem vai cantar minhas canções quando eu me for? Quem vai traduzir corretamente tudo o que significou esse saco de ossos, nervos e veias que atendia pelo meu nome quando chamado?’

Uma faísca de esperança nasce teimosa, lá no último cômodo da minha alma. Um vento qualquer e travesso pode apagá-la, tão frágil e delicada é sua chama. Não me provoquem! Posso apertá-la entre os dedos, sentindo a dor derradeira de sua queimadura quase insignificante. Depois, ergo-me e vou por aí... Procurando alguma poesia, escondida num canto qualquer e esperando por alguém tão desatento quanto eu, que nela esbarre sem querer...


Allison Ambrosio.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Eu, caçador de mim


Por tanto amor

Por tanta emoção

A vida me fez assim

Doce ou atroz

Manso ou feroz

Eu caçador de mim


Preso a canções

Entregue a paixões

Que nunca tiveram fim

Vou me encontrar

Longe do meu lugar

Eu, caçador de mim


Nada a temer senão o correr da luta

Nada a fazer senão esquecer o medo

Abrir o peito a força, numa procura

Fugir às armadilhas da mata escura

Longe se vai

Sonhando demais

Mas onde se chega assimVou descobrir

O que me faz sentir

Eu, caçador de mim



(Milton Nascimento)

domingo, 7 de fevereiro de 2010

mais próximos.



O mundo está se fechando
Você já pensou?
Que poderíamos estar tão perto, como irmãos
O futuro está no ar
Eu posso sentir isso em todos os lugares
Soprando com o vento da mudança.






parte da letra wind of change de scorpions.





sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

fanático de desilusões


A DESILUSÃO é considerada um mal. Trata-se de um preconceito irrefletido. Como, se não através da desilusão, iríamos descobrir o que esperamos e desejamos? E onde encontrar um momento de autoconhecimento, senão precisamente a partir desta descoberta? Como alguém poderia ter clareza acerca de si próprio sem a desilusão?


Não deveríamos sofrer as desilusões suspirando como algo sem o qual nossa vida seria melhor. Deveríamos procurá-las, persegui-las, colecioná-las. Por que me sinto desiludido com o fato de todos os atores idolatrados da minha juventude agora revelarem os traços da idade e da decadência? O que a desilusão me ensina sobre quão pouco vale o sucesso? [...]


Alguém que realmente quer conhecer a si mesmo deveria ser um colecionador obcecado e fanático de desilusões, e a procura de experiências decepcionantes deveria ser, para ele, como um vício, na verdade como um vício dominante de sua vida, pois então ele compreenderia com toda a clareza, que a desilusão não é um veneno quente e destruidor, e sim um bálsamo refrescante e tranquilizante que nos abre os olhos para os verdadeiros contornos de nós mesmos.



Paul Mercier em Trem Noturno para Lisboa - Editora Record, p. 233.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O tempo? Nada dele sei.


O tempo? Nada dele sei. Sei do espaço. Percorro tantos quanto fôlego precisar para do tempo fugir. Sei do Rio, Fortaleza, São Paulo, Curitiba, Brasília. Mas de ontem eu me esqueci. Não tenho ontem. Tenho somente lugares.


Despedi-me de todos os meus amigos. Sou um Sísifo dos afetos. Ah! Sei tudo de recomeço. Condenei-me a sempre empurrar morro acima minhas novas histórias, amizades e projetos. Quando chego, já estou indo. Se você precisar de conselhos sobre como reiniciar a vida, pergunte-me. Contanto que nada queira saber sobre conclusões. Nada sei sobre os dias seguintes.


Talvez por isso tenha aprendido a amar as corridas de rua. Esporte dos solitários. Daqueles que conseguem ir mesmo que desacompanhados. Daqueles para quem importa mais ir que ficar. Cada corrida é uma despedida e toda chegada é provisória. A alegria da medalha apenas indica a próxima aventura. Somente quem nunca chega o bastante está apto para ser um corredor de rua.


Mas sou bom de conversa. Tenho muitas histórias para contar, caso aceite minhas várias e avulsas memórias. Mas por favor, como já combinamos, não me pergunte sobre depois. Toda sequência é para mim uma incógnita.
Sinto-me um Don Juan. Aprendi a seduzir, mas não sei não me despedir. Medo de chegar? Medo de nunca chegar? Medo de chegar aonde realmente quero? Talvez. Tais vezes.



Elienai J.r é pastor da igreja betesda em são paulo.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

as vezes...


Tem vezes,
Sorrio,
Escondo as lágrimas da alma
Tem vezes,
Não reajo,
Escondo a dor que vai lavrando
Tem vezes,
Eu choro, eu grito
Em silêncio, no meu canto
Escondendo de vós
O meu eu verdadeiro!
Tem vezes…

Tem vezes,
Luto comigo mesmo
Travo guerras e batalhas.
Perco,
Vencido pelo fracasso
Tem vezes,
Apetece abrir uma fenda
O meu coração arrancar
Sujar as minhas mãos com o mal
Escoar todo o veneno
Que corre por todo o meu corpo
Libertar-me…
Para sempre,
Tem vezes,


Tem vezes
Perco as forças
Que julgo ter encontrado
Tem vezes
Depois da batalha travada
Meu corpo prostrado no chão
Perdi-a mais uma vez
Uma guerra que parece eterna
Tem vezes…
Tem vezes
Nada mais resta
Deixar meu corpo caído
Esperar pelo tempo
Que corre sem parar
Tem vezes,
Acredito no mesmo tempo
Não valem de nada
As guerras e batalhas
Tem vezes
Tem vezes eu sei
Vou acordar
Vou olhar o passado
Não será mais
Do que isso mesmo
Passado…
Tem vezes!


O Olhar de Gaybriel...

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Ano novo,Vida nova.


Ano novo, vida nova. No fundo da garganta, um travo. Vontade de remar contra a corrente e, enquanto tantos celebram a pós-modernidade, pedir colo a Deus e resgatar boas coisas: a oração em família, o amor sem pressa, a leitura dos místicos, o diálogo amigável com os filhos, a solidão entre matas, o gesto solidário capaz de amenizar a dor de um enfermo. Reencontrar, no ano que se inicia, a própria humanidade. Despir-se do lobo voraz que, na arena competitiva do mercado, nos faz estranhos a nós mesmos. ... Mergulho em si, abrir espaço à presença do Inefável. Braços e corações abertos também ao semelhante. Recriar-se e apropriar-se da realidade circundante, livre da pasteurização que nos massifica na mediocridade bovina de quem rumina hábitos mesquinhos, como se a vida fosse uma janela da qual contemplamos, noite após noite, a realidade desfilar nos ilusórios devaneios de uma telenovela.


frei betto no artigo,Ano novo, vida nova.

liberdade.


Não é segurando nas asas


que se ajuda um pássaro a voar.


O pássaro voa simplesmente porque o deixam ser pássaro.




Mia Couto em "Antes de Nascer o Mundo" - Cia das Letras, p.52